"Porque juventude são outros Papos!"

sexta-feira, 28 de março de 2008

Assalto ao bolso do consumidor!


NÃo HÁ VAGAS

(Ferreira Gullar)

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

Um comentário:

  1. Esse é um dos melhores poemas dele. Tenho toda a poesia dele.
    Beijos e bom final de semana

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É sempre bacana trocar papo com e sobre a juventude!