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segunda-feira, 26 de abril de 2010

A UNE, o Estadão e o bilhete de metrô usado

Participei no último final de semana do 58º Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Estiveram por lá estudantes de todo país, representantes dos DCE´s das maiores universidades brasileiras. Foram cerca de 220 entidades credenciadas e mais de 500 estudantes participando.

A pauta principal deste tradicional fórum do movimento estudantil era definir o posicionamento da UNE frente ao processo eleitoral de outubro próximo, o principal acontecimento do ano no país. Criou-se uma grande expectativa, principalmente por parte da grande mídia, de que a UNE declarasse desde já o apoio a algum candidato, ou mesmo que orientasse o voto dos estudantes contra determinado candidato. Falando português claro: a pauta dos jornalões apregoava que a UNE apoiaria Dilma ou repudiaria Serra.

Porém, para insatisfação de alguns poucos, prevaleceu mais uma vez a sabedoria da septuagenária entidade, para quem o mais importante para esse momento é apresentar aos candidatos e à sociedade uma plataforma de reivindicações concretas, o Projeto UNE Brasil. Propostas aprovadas e que merecem destaque: aplicação de 50% do Fundo Social do Pré-sal para Educação, desenvolvimento com geração de empregos e distribuição de renda, defesa da cultura e dos direitos da juventude e a uma decisão firme de conclamar os estudantes a combater a criminalização dos movimentos sociais e o retrocesso com possibilidade da volta do neoliberalismo e das privatizações ao poder central da república. (Clique aqui para ler a íntegra do texto aprovado).

A proposta vencedora foi apoiada por mais de 80% dos delegados presentes, o que lhe confere grande representatividade e legitimidade perante os estudantes. Mas não é o que pensa o jornal O Estado de São Paulo. O autodenominado “Estadão” dedicou seu editorial do último domingo a sentenciar qual seria o ‘valor da UNE’. Ao estilo “Ditabranda”, termo recentemente utilizado pela Folha de São Paulo em referencia ao período da ditadura militar no Brasil, o Estadão desferiu um ataque voraz ao projeto de lei que tramita no Senado e que estipula que a União deve indenizar a UNE por ter invadido, incendiado e mais tarde demolido o prédio que abrigava a sede nacional dos estudantes no histórico endereço da Praia do Flamengo, nº 132. O incêndio da sede foi o primeiro ato do golpe militar de, na madrugada de 1º de abril de 1964. Já a demolição foi obra do governo de Figueredo, o último militar a governar o país, no inicio da década de 80. Ou seja, a ditadura, do início ao fim, tinha obstinação em destruir a UNE.

O projeto é aprovado por todos os líderes partidários, da Câmara e do Senado, da oposição de da situação, têm o apoio do DEM ao PSOL, foi aprovado por unanimidade na Câmara e no Senado em todas as Comissões pelo qual passou até o momento.

A democracia só tem valor para quem sofreu com a ausência dela. A UNE foi duramente perseguida pela ditadura, um de seus presidentes, o goiano Honestino Guimarães, foi morto pelos militares. A reconstrução da sede da UNE significa colocar uma pá de cal nesse período deplorável da história brasileira, reerguer a sede da UNE é acima de tudo construir um forte símbolo da vitória da democracia, talvez seja isso que incomode tanto o ‘Estadão’.

O editorial costuma ser um espaço privilegiado de um veículo impresso. Ele expressa a opinião dos donos do jornal sobre temas relevantes para a vida pública. Ao sentenciar no editorial que o posicionamento da UNE não vale um bilhete de metrô usado o “Estadão” gasta um espaço caro de seu jornal para falar de algo que teoricamente não teria valor algum para ninguém. Ou seja, o que não vale nada é o próprio editorial. Em que pese o bilhete de metrô custar quase R$ 3,00 por viagem realizada, ninguém sai por ai rasgando bilhete à toa. Os ataques do “Estadão” tem alvo certo. Em linguajar popular ninguém bate em cachorro morto, e a UNE está mais viva do nunca!

Leia aqui o Editorial do Estadão


André Tokarski, do blog Juventude na Rede



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