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terça-feira, 5 de maio de 2009

Pesquisa aponta que violência doméstica preocupa mais que Aids e câncer de mama

A pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, em parceria do Ibope com o Instituto Avon, ouviu cerca de 2 mil pessoas com idade acima de 15 anos (52% dos entrevistados do sexo feminino, e 48% masculino), em todas as regiões do país, entre os dias 13 e 17 de fevereiro. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, sobre os resultados encontrados no total da amostra divulgada na terça-feira (14/03).

56% dos entrevistados apontam a violência doméstica – leia-se física, psicológica, sexual ou patrimonial - contra as mulheres como o problema que mais preocupa a brasileira. E, ao que indicam os dados, a preocupação vem numa crescente desde 2004, quando 50% pensavam assim; subindo para 55% em 2006, até chegar aos atuais 56%. A violência dentro de casa assume a dianteira mesmo diante da apreensão por conta do aumento na incidência dos casos de Aids entre as mulheres (no segundo lugar, indicada por 51% dos entrevistados), da violência fora de casa ou assédio sexual (apontada por 36%), doenças como câncer de mama e de útero ( 31%), formas de evitar filhos (31%), e a legalização do aborto (assinalada no cerne das preocupações das mulheres brasileiras por 22%).

55% afirmam conhecer casos de agressão a mulheres, frente os 51% que responderam afirmativamente à pergunta em 2006. Há que se ressaltar, no entanto, que a Lei Maria da Penha ainda não estava em vigor quando da primeira pesquisa. Do ano passado pra cá, o número dos que conhecem a Lei subiu de 68% para 78%; e 44% acreditam que ela já está tendo efeito.

 

Lei Maria da Penha

A Lei Maria da Penha determinou a instalação de varas especializadas em violência doméstica, suspendeu a aplicação de penas alternativas aos agressores, e criou medidas de proteção às vítimas. E apesar dos ganhos a partir da implantação da Lei, na prática, a maioria, 56%, não confia na proteção jurídica e policial à mulher vítima de agressão. Para outros 25% dos entrevistados, as leis não são eficientes para garantir esta segurança. Os policias e juízes são vistos com descrença: 13% disseram que os policiais consideram outros crimes mais importantes e que 11% sequer acreditam na seriedade da denúncia.

Talvez por isso, ainda é incipiente o número de mulheres que procuram ajuda. 24% das agredidas afirmam que continuam ao lado do parceiro por falta de condições econômicas de viver sem ele; 23% citaram a preocupação com a criação dos filhos; e 17% dos entrevistados acreditam que as mulheres não abandonam o agressor com medo de serem mortas. A região Nordeste lidera as estatísticas do medo da morte, com 20%; nove pontos à frente da região Sul, que detém a menor taxa, indicando que o temor é maior entre os segmentos de menor poder aquisitivo e com baixo grau de escolaridade.

Dos entrevistados que têm conhecimento sobre casos de violência doméstica, 39% tomaram alguma atitude de colaboração com mulher agredida, enquanto 17% preferiram se omitir. E, mesmo a maioria, 51%, defendendo a prisão do agressor, somente 20% das mulheres e 15% dos homens que tiveram conhecimento sobre casos de agressão orientaram as vítimas a buscarem ajuda jurídica ou policial. Nestes casos, a Delegacia da Mulher é a indicação majoritária entre 78% dos consultados, seguida pela Delegacia de Polícia (47%). Vale ressaltar, porém, que, em todo país, o número total de delegacias da Mulher não chega sequer a 500 (são apenas 410 distritos).

Não por acaso, de cada 100 mulheres brasileiras, pelo menos 25 foram ou são vítimas de violência doméstica e, segundo a Fundação Perseu Abramo, a cada 15 segundos uma mulher é agredida no país. Em todo o mundo, a cada ano, pelo menos 100 mil mulheres, com idade a partir dos 15 anos, são assassinadas pelo atual companheiro ou ex, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde. As pesquisas ainda sugerem que cerca de 25% da população feminina mundial foi, é ou será vítima ao menos uma vez na vida. Destas, estima-se que somente metade denuncie e procure ajude, demonstrando que, independentemente da nacionalidade, etnia ou classe social, e mesmo diante de avanços legais, ainda falta confiança nas pessoas que estão à frente do aparato do Estado; responsáveis por fazer cumprir a lei e, por conseguinte, proteger a mulher agredida.

 

Do site portal Vermelho.

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