"Porque juventude são outros Papos!"

domingo, 9 de março de 2008

Nota da UNE sobre Ensino Superior Privado no Brasil.






Em nota, Lúcia Stumpf critica a falta de critérios na admissão de novos alunos nas universidades particulares e a mercantilização da educação.






A presidente da UNE, Lúcia Stumpf, divulgou nota sobre uma notícia recém divulgada que chamou a atenção: uma criança de 8 anos foi aprovada no vestibular para o curso de direito de uma das grandes universidades particulares do Brasil.
No documento Lúcia critica o caráter mercantil do ensino superior privado. "Aquele estudante foi visto apenas como mais uma soma em dinheiro a entrar no caixa da universidade". "Não se trata de indagar sobre a capacidade intelectual da criança, mas sim o tratamento massificado e sem critérios pedagógicos despendido aos estudantes das instituições particulares, vistos apenas e tão somente como consumidores".
Lúcia também questiona o processo de matrícula aspirante a universitário. "Como foi aceita a matrícula de um aluno que sequer concluiu o Ensino Médio? Não chegaram a averiguar?", sinaliza no texto.
Leia a nota na íntegra:






Educação não é mercadoria!


O recente fato noticiado na mídia de que uma criança de 8 anos foi aprovada no vestibular de uma das grandes universidades particulares do Brasil chama atenção de todos que acompanham o debate educacional e que se preocupam com os rumos do nosso Ensino Superior. O que mais choca é que, em que pese o fato seja chocante e emblemático, está longe de ser o único.
Não se trata de indagar sobre a capacidade intelectual da criança, mas sim o tratamento massificado e sem critérios pedagógicos despendido aos estudantes das instituições particulares, vistos apenas e tão somente como consumidores. Há anos a UNE vem pautando a problemática do ensino superior privado e denunciando inúmeras irregularidades e processos indiscriminados de expansão, sem nenhum aporte ou projeto educacional por parte das grandes instituições: verdadeiros tubarões do ensino. Como ação política, realizamos campanhas pela regulamentação do ensino privado todos os anos junto aos estudantes destas instituições e apresentamos um projeto de lei (PL) para regulamentar o reajuste de mensalidades em todo o ensino privado, a fim de impedir abusos (o projeto é conhecido como PL da UNE).



Questionamos: como foi aceita a matrícula de um aluno que sequer concluiu o Ensino Médio (EM)? Não chegaram a averiguar? Ou simplesmente ignoraram as normatizações do MEC de exigir o certificado de conclusão do EM? Qualquer que seja a resposta, revela o mesmo problema: aquele estudante foi visto apenas como mais uma soma em dinheiro a entrar no caixa da universidade — e nos deparamos de maneira imediata com a mercantilização degradante do ensino superior no nosso país.




Este processo de expansão ocorreu em grande medida pela estagnação da oferta de vagas e sucateamento das universidades públicas ocorridos na década de 90. Paripasso, houve uma expansão desenfreada do ensino superior privado, sem levar em consideração, entretanto, a qualidade do ensino, que deve estar indissociado da pesquisa e extensão na universidade. A realidade atual do ensino superior privado brasileiro, em geral, está muito aquém do que necessitam os estudantes para se formar enquanto cidadãos e agentes transformadores críticos. Ao contrário, o que se vê é um ensino de baixa qualidade, infra-estruturas precárias (há instituições com mais de 150 pessoas em sala de aula!), a inexistência de uma política de assistência estudantil, além das já citadas ausências de pesquisa e extensão — tudo isso somando-se a mensalidades abusivas sem nenhuma regulamentação por parte dos órgãos competentes.




Mais ainda, esse formato de ensino superior — que prevê educação como mercadoria, um serviço comercializado, em detrimento do Direito Constitucional que ela de fato é — não atende às necessidades de um projeto de desenvolvimento nacional com autonomia e soberania, o qual, sem grandes pesquisadores, é simplesmente inviável. Por isso mesmo, o ensino superior no Brasil vem sendo vendido como mercadoria, inclusive para grandes empresas internacionais.



Por isso, faz-se imprescindível a reforma educacional no nosso país!



Por mais verbas para o ensino público!



Pela imediata regulamentação do Ensino Privado! Aprovação do PL da UNE



Educação não é mercadoria! Limitação do capital estrangeiro nas universidades.



Lúcia Stumpf

Presidente da União Nacional dos Estudantes



Extraído do Site http://www.une.org.br/

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